Primeiro robô espacial
O Lunokhod-1, o primeiro robô espacial controlado remotamente,
enviado pelos soviéticos à Lua em 1970, "falou" novamente - ou, pelo
menos, repetiu o que recebeu.
Várias equipes de cientistas ao redor do mundo rastrearam o robô
inúmeras vezes, interessados em uma carga extremamente preciosa que ele
levava a bordo - um refletor de laser que é um elemento essencial para
pesquisas sobre a Teoria da Relatividade de Einstein e para uma melhor
compreensão da Lua.
Finalmente, em 2010, o robô lunar soviético foi encontrado.
O Lunokhod-1, pesando 756 quilogramas, viajou 10,54 quilômetros na
superfície da Lua entre 17 de novembro de 1970 e 29 de setembro de 1971,
enviando para a Terra cerca de 25.000 imagens, incluindo 211
panorâmicas.
Agora, cientistas franceses conseguiram usar seu "refletor de canto",
um aparelho simples, que se encontra do lado de fora do Lunokhod-1 e
reflete qualquer radiação eletromagnética que recebe.
Ao contrário de um espelho, contudo, o refletor devolve o raio do
mesmo ponto onde ele foi recebido. O aparelho é composto por 14
refletores triangulares, medindo no total 44 centímetros de comprimento
por 19 centímetros de largura.
O trabalho para fazer o robô soviético voltar à vida também parece
simples: basta mirar um laser em seu refletor e monitorar quando tempo
ele leva para voltar.
O problema é acertar um objeto de alguns centímetros de diâmetro localizado na Lua.
Ressurreição científica
Dois anos depois de saber onde estava o Lunokhod-1, Jean-Marie Torre e
seus colegas do Observatório Côte d'Azur conseguiu o intento, e agora
se preparam para tirar proveito científico de sua mira espacial.
Os astrofísicos procuram por desvios na teoria da relatividade geral
de Einstein medindo o formato da órbita lunar com uma precisão muito
grande.
Isto vem sendo feito medindo o tempo que leva para que a luz de um
laser disparado da superfície da Terra reflita-se em quatro refletores
ópticos deixados na Lua pelos astronautas da missão Apollo.
Mas há duas vantagens enormes em contar com o refletor do robô espacial soviético.
São necessários três refletores para determinar a orientação da Lua.
Um quarto acrescenta informações sobre a distorção imposta pelas marés, e
um quinto - o refletor do robô Lunokhod-1 - vai dar informações
precisas sobre o ponto no espaço equivalente ao centro da Lua.
O ponto central da Lua é de suma importância para mapear sua órbita
com precisão suficiente para testar a teoria da relatividade.
A segunda vantagem é que o Lunokhod-1 está em uma posição invejável, bem na borda visível da Lua.
Apesar de a Lua estar sempre com a mesma face virada para a Terra,
esse lado visível oscila ligeiramente. Os parâmetros desse balanço
dependem, entre outros, da distribuição e da estrutura das rochas no
interior do nosso satélite.
Como o Lunokhod-1 está mais perto da borda do disco visível da Lua do
que os outros refletores, ele se torna o instrumento ideal para estudar
esse fenômeno.
Dados das medições a laser indicam que a Lua se afasta da Terra cerca
de 38 milímetros por ano, mas não há uma teoria definitiva para
explicar a razão desse afastamento - uma das hipóteses mais aceitas
propõe que a massa da Lua diminui em virtude de ela perder atmosfera, o
que diminui a força de atração da Terra.